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Textos Críticos

      

 

Atmosferas

       Um dos principais desafios ao se realizar aquarelas é conseguir, com os recursos visuais que essa linguagem oferece, atmosferas que transportem o observador para novas e renovadas dimensões. A artista plástica Paulette consegue esse resultado ao oferecer múltiplas possibilidades de encantamento em cada obra.

        A maneira como se vale das tonalidades e a diluição das formas contribui decisivamente para estabelecer um universo de delicadezas e sensações. A criadora trabalha com sugestões. Pouco ou nada se torna explícito perante a magia que surge nas composições. São assim apresentadas percepções da existência regidas pelo diálogo sutil entre as cores.

        As transparências são o principal elemento do trabalho da artista. Entra-se numa realidade que não é a do simplismo ou do facilmente reconhecível e identificável. O mundo que se vislumbra é o das possibilidades e das indagações. É nas sugestões que se articulam pensamentos que nos oferecem veredas renovadas do existir.

        Paulette traz em suas aquarelas a essência do esconder e do velar. A sua maneira de fazer comporta exatamente o lidar com a incerteza, algo próprio da técnica, caracterizada pelos silêncios e pela criação de atmosferas que descortinam um porvir em que a arte possa ser vista e sentida como fundamental ao ser humano.

Oscar D'Ambrosio é Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, onde atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa.

Instantes Eternos

           Nas inspiradoras pinturas de Paulette Gerecht, podemos ver um deslumbrante movimento em que cores, planos de espaços e matéria alquímica se unem, e como numa explosão, transformam as imagens em atos nos quais as coordenadas espaciais se rompem, se abrem a nós e acabam por se abrir em nós, e com isso nos incorporar.

         Seus denominados Instantes Eternos, não pretendem reproduzir objetos ou cenas, mas deslocá-los, rasurá-los ou até mesmo deformá-los, inserindo-os numa realidade própria e integrando-os a uma dimensão poética de olhar o mundo.

          A obra passa a ser entendida como mais uma instância de um extenso percurso criador, em constante processo de transmutação, articulando assim as tensões da experiência entre visibilidades e invisibilidades, entre o espaço e o tempo, entre a sombra e a luminosidade.

Selma Daffré é gravadora e mestre em artes visuais.

 

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